Estará o homem
tão ansioso com o futuro e, por estar tão apressado, esquece de viver o
presente — que é o único tempo que existe?
Os axiomas
“Devagar se vai ao longe”, “Devagar e sempre”, “A pressa é inimiga da
perfeição” ou ainda, “Quem tem pressa come cru e quente” estão de novo chamando
nossa atenção, neste mundo “velocidade” no qual vivemos?
Atualmente na
economia global, “speed” é tudo, e isto está envolvendo a todos — muito
trabalho, agenda cheia, internet, I-Pad, celular e carros que chegam a mais de
200 km/h — e transformaram o homem moderno num ser sempre apressado,
eternamente atrasado e literalmente estressado.
A velocidade
símbolo do desenvolvimento tecnológico, de produção e consumo criou uma
necessidade de fazer mais em menos tempo, em lugar de planejar, preparar,
aprimorar e, só então fazer rápido, mas sem esse sentimento de urgência,
saboreando assim cada momento como único.
Quando temos uma atitude sem pressa — desacelerar — significa colocar mais
atenção no que se faz, dedicar tempo para os valores que a rapidez do mundo moderno está relegando a um plano secundário: a família, os amigos, o lazer, a cultura, o tempo livre para simplesmente viver. É momento de parar, relaxar, conversar qualquer assunto, observar a natureza — de preferência, sentar à sombra de uma árvore — aliviar “as necessidades físicas” e, também, tomar aquele cafezinho, praticar seu esporte preferido e, porque não, se lambuzar com um delicioso sorvete!
Ao caminhar
devagar poderemos planejar melhor nossos próximos passos, criando caminhos
alternativos e, possivelmente, caminhos mais curtos. Assim, também, poder-se-ia
dizer que “Ao Caminhar se Faz os Caminhos”.
Certamente o
leitor dirá: ora se eu correr vou chegar muito mais rápido e vou ser mais
produtivo, claro que vai! Isto é se conseguir chegar! Porém, como dizia minha
avó a pressa é inimiga da perfeição, o que nos leva a concluir que quando
corremos, deixamos para trás “pequenos detalhes” que podem afetar nossa vida
profissional e emocional, tornando assim nossa vida mais difícil.
Dir-se-ia também, que quando caminhamos devagar,
estamos mais tranquilos, menos estressados, menos ansiosos e neuróticos, mais
leves, mais felizes, portanto,
hábeis para raciocinar com maior clareza.
Estimular a reflexão é uma forma de desacelerar, portanto ao separar um tempo para refletir sobre nós mesmos, desdobramos nossas ideias como força que somos, e como resultado, desenvolvemos a capacidade de acelerar e desacelerar de forma mais consciente e, isto impulsiona nossas energias para cumprirmos com nossos deveres e retomarmos aos valores essenciais do ser humano — pequenos prazeres do cotidiano e da simplicidade de viver e conviver.
É notório que
desacelerar parece dar a muitas pessoas a sensação de estarem perdendo o pouco
tempo que lhes resta, deixando-as inseguras, perdidas em meio a tanta
informação e, se alguém não estiver apressado ou, pelo menos, parecendo
apressado, é visto como um desocupado e, portanto, um fracassado.
Por sua vez a
rapidez dá a sensação de controle e poder, porém pressa em excesso tem gerado
desequilíbrios e sofrimentos, que acabam numa mesa de cirurgia ou no divã de um
psiquiatra. O problema é saber até que ponto tanta informação exterior inibe o
autoconhecimento do interior. Por isso, há quem aposte que uma das tendências
contemporâneas deverá ser em executar menos coisas e com mais qualidade.
Devemos criar
maneiras para mudarmos a forma como caminhamos contra o tempo. Isto é, colocar
qualidade antes de quantidade e estar conscientes de que nem sempre a rapidez é
a melhor forma de fazer as coisas e, ao mesmo tempo conscientizarmo-nos de que
a diferença está no ritmo de que cada um atribui ao “seu tempo”.
Devagar se vai
mais longe significa ter tempo para descobrir os porquês da vida, por que a
vida não é uma corrida de velocidade e sim uma corrida de persistência, de
disciplina, de paciência e tolerância que são ícones requeridos para um viver
saudável, feliz e evolutivo do indivíduo no planeta em que vivemos — Terra.
“Não importa
quão devagar você ande, desde que não pare” — Confúcio
HOMEM — SEMPRE
ACELERADO, ETERNAMENTE ATRASADO E LITERALMENTE ESTRESSADO!
Por Iolanda e
Wilson Candeias
Devagar Se Vai Mais Longe