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A consciência - Por Luiz de Souza

A criatura tem, na consciência, o juiz dos seus atos. Quando pratica o mal, a consciência lhe dói, insurge-se e protesta.

O indivíduo só está em paz com a sua consciência quando as suas ações afinam pelo comportamento correto, legal, em plena consonância com a moral cristã.

Acontece, porém, que quando a criatura insiste em proceder mal, a consciência vai cada vez doendo menos, vai se amortecendo o seu vigor moral, aos poucos perde a sensibilidade, a ponto de parecer que está morta.

Os grandes criminosos têm a consciência insensível, sufocada, muda.

Ao contrário, quando o indivíduo se esforça para andar sempre pelo caminho do bem, consultando, a cada passo, a sua consciência, ela se toma sumamente sensível e se mantém nas melhores condições de receptividade para atender aos apelos que lhe são endereçados.

A consciência é uma das faculdades espirituais de maior valor. Sem ela, seria impossível conduzir-se o gênero humano.

Só os animais inferiores e os criminosos inveterados agem inconscientemente.

O astral inferior (área onde os espíritos não esclarecidos permanecem após a desencarnação) está repleto de entes que não quiseram, quando encarnados, ouvir a voz da consciência, deixando-se empolgar pelos instintos que os levaram ao estado animalesco.

Ninguém que tenha dado ouvidos à voz da consciência, no curso da sua existência terrena, passará pelo dissabor de estagiar, depois da desencarnação, nos antros pestíferos do astral inferior.

O ser ascende ao estado humano logo que adquire recursos para fazer bom uso do livre arbítrio e para ouvir e respeitar a voz da consciência. Se todo bom proveito tirasse desses atributos, que se acham ao dispor de cada um para a solução dos problemas terrenos, a vida seria um permanente manancial de alegrias e satisfações.

A falta de consciência é revelada sempre que se constatam atos recriminantes contrários às leis naturais, ao progresso, ao bem-estar coletivo. Ela aparece nos lares, no trato com os familiares, no trabalho externo, nas relações hierárquicas e na vida pública, nos postos governamentais.

A desordem administrativa, o elevado custo de vida, a falta de assistência social, que tanto prejudicam a estabilidade dos encarnados, são fruto da irresponsabilidade, de ambições descontroladas, de desvios de energias, de desequilíbrio moral, e têm, como origem, o desprezo pela voz da consciência.

Ninguém diga que procedendo mal, agindo com incorreção, deslealdade e desonestidade não sabe que está errado; o indivíduo erra, conscientemente, na maioria dos casos, para beneficiar-se e dar satisfação aos seus interesses subalternos e inferiores, que falam alto no seu interior.

A Força Criadora possui a Consciência Absoluta, e as suas partículas componentes, como espíritos encarnados ou não, expressam-se pela consciência, como derivativo moral de condições espirituais. Viver, pois, de acordo com a aviventada consciência, é ajustar-se às leis que regem o Universo, as quais, quando unanimemente respeitadas, induzem ao equilíbrio em todas as funções.

Muitas vezes, por um dever de consciência, tem o indivíduo de agir contra os próprios interesses, mas nem por isso deve vacilar em dar o seu pronunciamento honrado, à custa de qualquer sacrifício. Desta vida terrena, o que se leva para o acervo espiritual são somente os feitos dignos e nobres que tenham servido de exemplos a outros para a manutenção da estrutura ideal dos hábitos e costumes, e a efetivação de todos os princípios moralizadores.

Normalmente, o indivíduo que trabalha não o fará porque o chefe está exigindo; os alunos que estudam não o farão pelo temor de castigo, mas num como no outro caso, o que deve imperar, acima de tudo, é a voz da consciência.

O trabalhador e o aluno não precisam ser vigiados para que cumpram os seus deveres; cada qual tem de dar satisfação à sua consciência e, por isso deve trabalhar e estudar conscientemente.

Este é o panorama correto da questão. Todos precisam ter consciência das suas obrigações, e deverão executá-las tão bem como melhor puderem, independentemente das exigências de terceiros. Por este modo se apura o senso da responsabilidade, que anda tão escasso no mundo.


No caminho da espiritualidade é a voz da consciência que deve ecoar, em todos os momentos, pois se o desejo é o de acertar, não existe nenhum meio mais indicado do que atender ao sentido justo das coisas, com a interpretação pautada pelo bom senso, pelo equilíbrio, pela razão.

A voz da consciência reflete sempre uma orientação superior, quando ela é realmente da consciência. Muito cuidado com as intuições do astral inferior (espíritos que após a desencarnação permanecem quedados na atmosfera terrestre). Analise-se, antes, a pureza das intenções, pois as forças inferiores, como todos sabem, não transudam pureza. Não se queira atribuir à consciência resoluções despidas de grandeza moral.

A consciência não se educa, por ser a educação nela inata; ela se revela através da alma, de forma cada vez mais apurada, na medida da evolução já alcançada.

Esse apuramento decorre do fato de tornar-se a criatura, pelo processo evolutivo, com maior entendimento, mais capaz, mais esclarecida, mais consciente.

A consciência dos fatos se dilata na proporção do aumento da capacidade individual, e de conformidade com a modulação vibratória que se desenvolve, até sintonizar com a consciência Absoluta.

Subordina-se, assim, a expansão do estado de consciência ao progresso espiritual. Eis porque só no caminho da espiritualidade encontram os seres os meios eficazes para atingir os mais altos graus de consciência. A espiritualidade é sempre a base, o ponto de partida para toda e qualquer iniciativa que tenha por objetivo alcançar os páramos superiores de evolução.

Dá-se, deste modo, no Racionalismo Cristão, o maior relevo ao acatamento que se deva conferir à voz pura da consciência.

O que se precisa educar, para ouvi-la, são os ouvidos, o raciocínio e a lógica, para compreendê-la. Somente no trato diário com as questões espiritualistas se chega a sentir o efeito harmonioso das deliberações que marcam diretrizes sob a influência estimulante da voz da consciência.

Oxalá possa a humanidade, o quanto antes, dar mais valor aos ditames da consciência. A falta de lealdade de uns para com os outros tem sido a causa principal de se não consultarem os nobres preceitos da consciência.

Não se cogita fazer o que melhor fala à razão, mas o que mais convém. No que mais convém estão, quase sempre, os interesses materialistas inferiores e o egoísmo, que procuram manter-se velados.

Não é correndo sofregamente atrás de riquezas terrenas para dar expansão aos desejos ocultos, de aspecto negativo, que alguém poderá despertar a consciência adormecida no íntimo de sua natureza. Aproxime-se, cada um, da sua consciência, vivendo com renúncia, com desprendimento, com elevação moral e o propósito salutar de algo produzir em favor da coletividade.

A consciência adormecida pode sempre ser despertada, desde que mudem as aspirações acalentadas, desde que se transforme o sistema de entender e procurar a felicidade, desde que se tenha por finalidade buscar para o espírito os tesouros eternos que lhe têm de ser agregados.

Isso não significa que é preciso despojar-se das riquezas terrenas; o uso dessas riquezas é que deve ser feito racionalmente, consoante a serventia que oferecem, sem permitir que obliterem o vigor da consciência. Neste ato reside a sabedoria que deverá ornar a vida espiritual dos que se propõem a atravessar a existência terrena pelo caminho da espiritualidade.

A Consciência
Por Luiz de Souza
Fonte: Livro A Felicidade Existe

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