Os esposos dão
valor aos filhos, a eles se dedicam, mas deles também recebem luz mais intensa
porque, educando-os, aprendem a conhecer-se e aos outros. Devem-lhes, por isso,
muito.
Ao arrolar as
riquezas afetivas e morais que mutuamente se oferecem, descobrem as que vêm dos
filhos. Essas são mais secretas. Exercendo com dignidade a função que lhes é
destinada, tanto o pai como a mãe ajudam os filhos, auxiliando-os a conquistar
a consciência de si próprios. Entre pais e filhos, a qualidade educadora
daqueles se relaciona à qualidade do amor que os une.
Na família bem
formada, cultiva-se o amor adulto: o que tem consciência do que os outros nos
dão e não apenas do que lhe devemos dar; o que ama o próximo não como o havia
imaginado, mas como é. A conquista, porém, de tão elevado pensar requer esforço
e paciência, desmoronamento de amor próprio, desprendimento de egoísmo.
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A
família bem formada, por ser esclarecida, não vive por instinto, mas,
consciente e refletidamente. Enfrenta a vida com alegria e coragem; dá valor ao
trabalho e não mede sacrifícios, para o bem-estar de seus componentes.
Por estarem tão
desfigurados os autênticos valores educacionais recebidos no seio da família, é
que a sociedade se encontra tão desorganizada. Tal situação se revela através
da atitude dos adultos em relação não só à sociedade e à profissão, como à
pátria e ao mundo. Sem o declararem abertamente, os indivíduos se conduzem com
os que são de sua família com exigências egoístas e sectaristas.
Ambição, vaidade e
egoísmo separam empregados e empregadores e ninguém se entende.
Quando há boa
formação, o lar não se transforma numa arena onde se desenvolvem lutas para ver
quem domina.
Os pais não
confundem autoridade, despotismo nem covardia e sabem que dar uma ordem não
implica em ser dócil aos acontecimentos e aos seres, mas decidir de acordo com
pessoas e situações.
Compreendem também
que ter autoridade não significa esmagar a personalidade daqueles por quem são
responsáveis, mas, ao contrário, favorecer-lhes iniciativas e empreendimentos.
O homem esclarecido
que constitui família sabe que, no lar, o outro será sempre o ponto para o qual
devem convergir as atenções: ora a esposa, ora um dos filhos, mas ele será
sempre o centro de todos. Compreende ainda que a estabilidade da família
repousa no senso de responsabilidade do chefe. Mas, nem por isso intervém nas
tarefas atribuídas à esposa.
Abandonado o lado
inútil da vida, haverá certamente progresso moral e material, saúde de corpo e
espírito.
Reveses e
sofrimentos não serão encarados como motivos de tristeza, mas como caminhos que
conduzem à maturidade e sabedoria.
Formação da família
Por Olga Brandão Cordeiro
de Almeida
Fonte: Livro Caminhos Certos
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