Já é tempo de a humanidade entender que não existem conhecimentos secretos. Existem, isso sim, interesses secretos, inconfessáveis, e por causa deles a Verdade tem sido duramente sacrificada.
É lamentável que, numa época de tamanho avanço tecnológico, prevaleça, ainda, arraigada em tantos espíritos, a concepção deísta, divinal, de sentido adorativo.
O espírito é Força, é Inteligência, é Poder, com iniciais maiúsculas. Todos, sem exceção, estão sujeitos aos mesmos princípios, às mesmas regras, ao mesmo processo evolutivo. Não há espíritos privilegiados, como seriam os deuses e seus supostos filhos.
A sistemática da evolução enquadra-se no regime das leis naturais e imutáveis que são absolutamente iguais para todos. Invariavelmente, todos fazem o mesmo curso e percorrem o mesmo ciclo, no que está um alto e meritório princípio de justiça.
Os que hoje rendem culto a um deus abstrato acharão, ao cabo de tantas encarnações quantas precisarem para atingir o necessário esclarecimento, tão tolo esse culto quanto ridícula os civilizados agora entendem ser a ideia, que também já alimentaram, de adorar deuses representados por elementos da natureza ou animais inferiores.
Para a maioria, deus é uma entidade que se presta a promover castigos, a distribuir graças e a lavrar, em caráter eterno ou temporário, condenações ou absolvições.
Grandes espíritos movidos por ideais reformadores baixaram à Terra, encarnando, com enorme sacrifício, para ver se conseguiam tornar menos bruta a mente humana que se deixara empolgar pelo sentimento do gozo e dos prazeres apenas materiais.
Grandes espíritos movidos por ideais reformadores baixaram à Terra, encarnando, com enorme sacrifício, para ver se conseguiam tornar menos bruta a mente humana que se deixara empolgar pelo sentimento do gozo e dos prazeres apenas materiais.
Esses valorosos espíritos, porém, além de não haverem sido compreendidos, acabaram divinizados pela massa ignara, como aconteceu com Jesus, Buda, Confúcio e Maomé.
Concretizada a ideia da divinização, foram criadas as religiões respectivas que correspondem a várias formas especuladoras de adoração, somando-se, em seguida, os adeptos de cada uma.
Num mundo como este, em que se confundem almas encarnadas de várias classes, e no qual a maioria ainda vive mais para a matéria do que para os valores espirituais, não foi difícil agrupar, sob a flâmula de cada religião, incontáveis legiões de adoradores.
No Brasil e em muitos outros países, adora-se Jesus. Não há, entretanto, qualquer diferença entre tais adoradores e os outros que se voltam para Buda, Confúcio e Maomé.
Por trás das aparências de todos eles, esconde-se a ação subserviente e bajulatória, com a qual esperam receber maiores recompensas presentes ou futuras ou o perdão para as suas faltas.
Essas atitudes constituem uma prática destrutiva de enfraquecimento do próprio caráter.
Se aos seres encarnados esclarecidos repugnam as bajulações, os atos de subserviência e os incensos, não é difícil imaginar-se o que isso produziria em espíritos desencarnados altamente evoluídos, se tais sentimentos pudessem chegar a eles.
Os fiéis podem adorar um pedaço de pau talhado com feições humanas, porque o livre-arbítrio não lhes nega o direito de satisfazer a sua irracional vontade adorativa.
Nenhum adorador é capaz de dissociar a ideia de adorar da de pedir. A razão é óbvia: adorar e pedir são duas muletas iguais para uma só invalidez mental.
E, note-se: o deus, a quem são dirigidos os pedidos, é de tal maneira desavisado e vive tão alheio, tão arredio, tão indiferente aos problemas humanos, que a sua atenção para esses problemas somente é despertada pelos apelos que recebe.
É preciso que se lhe peça piedade, para que se apiede; que se lhe suplique misericórdia, para tornar-se misericordioso; que se lhe implore a paz, para que pacifique; que se lhe rogue justiça, para que seja justo.
Conhecimentos Secretos
Conhecimentos Secretos
Por Luiz de Mattos