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Mina San José, Cidade de Copiapó, Chile

Os 33 operários mineiros soterrados em 05 de agosto de 2010, por mais de 69 dias na mina de cobre San José em Copiapó, Chile, a mais de 600 metros de profundidade e a 5 quilômetros da entrada principal da mina, nos primeiros 17 dias viveram um pesadelo de completa adversidade — a falta de tudo e de todos — culminando com o resgate de todos no dia 14 de outubro de 2010 e, está sendo considerado como o maior resgate nesse tipo de salvamento no mundo.

Após o bloqueio do caminho de saída, estes trabalhadores alcançaram o local onde deveria haver uma rota de escape, mas não havia, portanto, nesse momento sentiram o golpe da traição e, a esperança transformou-se no sentimento do abandono e desespero pelo real isolamento.


Os primeiros 17 dias foram de tamanha angústia e desesperação, pois tiveram que conviver com valores diferentes, tanto que nenhum deles se atreve a revelar “nada”, talvez pelo simples fato de não quererem tomar contato com as memórias desse trauma.


A voz popular nos diz que “o sofrimento apura o espírito” e, diante de uma ameaça real como essa, somos colocados de frente com a desencarnação, o que nos leva a pensar no que deixamos para trás, no que deixamos de fazer para executar no dia seguinte e tudo o que ainda queríamos fazer num futuro que já não existe, assim o sofrimento torna-se uma das principais razões para que o ser humano possa despertar para a espiritualidade.

Inicialmente, pensamos no que deixamos de fazer à nossa família — pais, irmãos, filhos, e cônjuge. Com o passar dos dias nossas esperanças aliadas às condições desse ambiente deterioram-se pela falta de luminosidade, falta de água, falta de alimentação, pela falta de perspectiva, tornando-se mais e mais insalubre para a sobrevivência, o que nos faz valorizar cada segundo vivido.

Dir-se-ia que o nível de importância desse resgate é comparado à primeira viagem do homem à lua, por ser um dos primeiros casos solucionados e com um final realmente feliz na história da humanidade.

Com este evento o povo chileno sentiu um infortúnio muito grande, mas não se deixou abater, fez “finca-pé”, e o governo chileno — Presidente Sr. Sebastián Piñera e do Ministro de Minas Sr. Laurence Golborne — sensível e solidário aos reclamos de seu povo, além de transformar o insucesso em êxito, provou tecnicamente que se pode executar resgates de alto risco, e cabe a cada um de nós tirar proveito desta lição.


É notório que os acidentes em áreas insalubres e perigosas são incontroláveis, mas podem ser minimizados pelo cumprimento irrestrito das normas estipuladas pelas autoridades competentes e, ficou evidente que estas precisam ser revisadas, encaradas de frente e tomadas em sério mundialmente.



Esse resgate nos ensina que quando a vida de quem quer que seja está em perigo devemos buscar soluções — envolvendo a todos — e não tomar decisões precipitadas como aconteceu em 19 de fevereiro de 2006, quando passados apenas 5 dias do acidente, as autoridades técnicas do governo mexicano anunciaram o abandono de 65 mineiros soterrados a 150 metros de profundidade no desastre mineiro de “Pasta de Conchos” em Coahuila, México.


Superar os obstáculos, o sofrimento e valorar a vida, não só a nossa como a do semelhante, é uma obrigação de todos os seres encarnados e, por mais preparados que estejamos para o pior, nossas reações são imprevistas diante da realidade dos fatos, portanto nos debilitamos rapidamente através da angústia e a tristeza que nos quita a energia, nos desanima e nos debilita a saúde, provocando todo tipo de reações principalmente o pânico devido à impotência.


De alguma forma pelo sofrimento esses mineiros cresceram, se familiarizaram com a pequenez da vida e a solidariedade, assim não será nenhuma novidade se algum desses resgatados de ora em diante optarem por trabalhos voltados na ajuda ao semelhante.


O ser que acredita na imortalidade do espírito — é um estudioso da vida fora da matéria — tem consciência do valor do pensamento e não se deixa abater com as adversidades da vida.

Assistindo ao resgate, parecia que estávamos diante de um parto onde os filhos encubados na terra, um a um estavam nascendo para a vida, tendo uma nova oportunidade para reconquistar o perdido.

“chi, chi, chi, le, le, le, viva el chile, chile, chile, chile.”
Refrão cantado por Mário Sepúlveda Espinace – 2º mineiro a ser resgatado

Ouvindo aos mineiros em entrevistas pós resgate, percebemos nitidamente que estes seres se sentiam renascidos, que seus valores haviam mudado e que passaram a valorizar a vida na sua simplicidade: ver a luz do dia, respirar, beber água, caminhar, sentir a natureza e abraçar o mundo.


Cabe ressaltar ainda que o sofrimento adicionou crescimento pessoal, quando na tentativa de superação cada um exerceu uma função de complemento um ao outro, agora, sentem-se como parte um do outro, ou seja, seres em essência, partículas de um todo e que se estimam e se completam. De agora em diante sempre terão uma história de vida para narrar de desprendimento e de muito amor.


“Os sofrimentos são para os fortes de espírito, que os impulsiona para a frente, porque tudo reside dentro do “eu” da criatura, e ela, sabendo raciocinar com valor, resolve muitas vezes coisas que lhe parecem difíceis, com relativa facilidade.”— Luiz de Mattos

Resgatistas: Jorge Bustamante, Manuel González, Patricio Roblero, Patricio Sepúlveda, Pedro Rivero e Roberto Ríos



Resgatados: Álex Vega, Ariel Ticona, Carlos Barrios, Carlos Bugueño, Carlos Mamani, Claudio Acuña, Claudio Yáñez, Daniel Herrera, Darío Segovia, Edison Peña, Esteban Rojas, Florencio Ávalos, Franklin Lobos, Jimmy Sánchez, Jorge Galleguillos, José Henríquez, José Ojeda, Juan Carlos Aguilar, Juan Illanes, Luis Urzúa, Mario Gómez, Mário Sepúlveda Espinace, Omar Reygada, Osmán Araya, Pablo Rojas, Pedro Cortez, Raúl Bustos, Renán Ávalos, Richard Villarroel, Samuel Ávalos, Víctor Segovia, Víctor Zamora, Yonni Barrios

Mina San José, Cidade de Copiapó, Chile
by Iolanda e Wilson Candeias

Livro revela detalhes inéditos de acidente de 33 mineiros chilenos
FERNANDA EZABELLA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES – 02-11-14

Um pedaço da montanha despencou como "uma guilhotina" e um paredão cinza tampou a rampa de saída. "É como a pedra que cobre o túmulo de Jesus", descreveu poético um dos 33 mineiros que ficaram 69 dias presos numa mina no Chile em 2010.


O sentimento geral, porém, era mais urgente: "Estamos cagados", completou um colega, em bom espanhol.

Os depoimentos estão em mais um livro sobre o acidente, mas desta vez com todos os detalhes até então desconhecidos sobre os 17 primeiros dias em que passaram sem contato com a superfície.


Os mineiros fizeram o pacto de revelar esta parte da história só em conjunto, num acordo que rendeu também o filme "The 33", com Antonio Banderas, Rodrigo Santoro e Juliette Binoche, em montagem e previsto para 2015.

"Estes primeiros dias foram muito especiais, espiritualmente, fisicamente e surrealisticamente", disse Héctor Tobar, 51, autor de "Deep Down Dark", livro publicado nos EUA em outubro e ainda sem data de lançamento no Brasil, pela editora Objetiva.


Tobar afirma que os mineiros receberam um adiantamento pela obra e terão participação nas vendas. "A memória funciona diferente para cada um. Alguns lembravam muito bem de conversas, outros de detalhes físicos, como o formato das fezes quando estavam morrendo de fome", diz o autor, que é jornalista.

diário

Americano de pais guatemaltecos e ganhador do prêmio Pulitzer, Tobar entrevistou os envolvidos e teve acesso exclusivo ao diário que o mineiro Victor Segovia manteve a 700 metros de profundidade.

"Victor é muito humilde e sensível, teve educação limitada. Seu diário é valioso e tem uma perspectiva sombria. Começou como uma carta para suas filhas e depois virou um diário", diz Tobar à Folha.

Entre as histórias, as mais chocantes são os tormentos da fome, como a divisão de insuficientes pacotes de bolacha e latas de atum e a busca desesperada por insetos inexistentes na caverna.


Tobar compartilhou suas entrevistas com a equipe de roteiristas de "The 33", que conta com Jose Rivera ("Diários de Motocicleta"). O longa foi dirigido pela mexicana Patricia Riggen, entre Chile e Colômbia.

Banderas vive Mario Sepúlveda, principal porta-voz do grupo, que trabalhou no filme como coordenador de figurantes. Já Binoche é María Segovia (irmã de um mineiro) e Santoro, Laurence Golborne (ministro de Minas).

DEEP DOWN DARK

AUTOR Héctor Tobar

EDITORA Farrar, Straus and Giroux

QUANTO US$ 19,71, cerca de R$ 48; importado pela Amazon (320 págs.) 

Fonte:

Fonte:
Wikipedia - Yahoo


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